Por Beatriz Rosinha, Carolina Valentim, Késia dos Santos e Stephanie Claro
Neste trabalho
optamos por analisar, dentre as vozes da globalização, aquela referente às
pessoas comuns, verificando algumas experiências individuais relacionadas à globalização,
além de suas reações particulares e ao mesmo tempo diversas em relação a este
tópico; entretanto, percebemos também a grande influência que a mídia causa no
dia a dia da sociedade, uma vez que esta efetiva-se, de modo geral, por meio da
imprensa como a internet, por exemplo. Ormundo nos explica que
como a voz da mídia
transita por todas as outras vozes, ela tem uma força maior no processo de
construção dos significados e, dessa forma, produz representações, as quais são
também uma parte significante de toda fala e escrita a respeito da
globalização. As outras vozes circulam na voz da mídia e esta também transita
nas outras vozes (2007, p.136).
Ormundo
(2007, p. 137) afirma ainda que, com relação à voz da mídia, todos têm acesso,
pois basta ligarmos a televisão para estarmos conectado; contudo, neste estudo,
analisamos que a voz midiática apenas tomou força com o processo da globalização.
Para
verificarmos as impressões a respeito desse processo, optamos por entrevistar 5
pessoas, com idades entre 33 e 67 anos, que comunicam-se de maneira bem próxima
(com a presença de marcadores comunicacionais, discurso direto e vocabulário
simples) e que pertencem a uma mesma classe social – apesar de Vinícius José
dos Santos não morar atualmente no país, consideramos o período no qual viveu
em Porto Feliz para esta análise.
Sueli Dandalo
dos Santos, moradora do Bairro Popular, destaca os pontos positivos que essa
globalização trouxe para a cidade de Porto: tendo um filho que mora no
exterior, considera que as novas tecnologias serviram muito para ajudar a atual
sociedade; destaca ainda que, apesar deste paradigma de que as redes da
globalização afastam as pessoas, o que acontece é o contrário e afirma que o problema
não são as redes em si, mas o caráter das pessoas. No entanto, os demais
entrevistados discordam deste ponto, afirmando que a nossa sociedade está sim tomada
por laços fracos, sendo eles decorrentes da forma superficial de interação que
as redes proporcionam, da falsa sensação de amigos presentes redes sociais ou da
própria instabilidade e segurança do país.
Apesar
da pequena amostragem, pudemos entender melhor o impacto que a globalização
teve em alguns pontos da cidade de Porto Feliz.
Além disso,
como complemento às entrevistas, conseguimos algumas fotografias antigas; dentre
as fotos cedidas por Roseli Aparecida Dandalo de Miranda e por Maria de Lourdes
Kerche do Amaral, podemos perceber o registro de situações cotidianas (um
passeio no parque, um dia de trabalho, uma foto de família); as paisagens não
apresentam glamour, representando um mero pano de fundo para quem estava sendo
fotografado.
Podemos
perceber que os próprios registros fotográficos passaram pelo processo da
tecnologia: hoje não mais precisamos revelar um filme para verificar as fotos,
pois as mesmas nos são apresentadas instantaneamente; dessa forma, a busca pela
pose perfeita se sobressai ao registro espontâneo, fato esse que auxilia na
criação de uma falsa realidade presente hoje nas redes sociais.
Em
1999, Zygmunt Bauman nos apresentou a sua teoria sobre a modernidade líquida,
a qual apresenta duas características em destaque: a substituição da ideia de
coletividade e de solidariedade pelo individualismo, e a transformação do
cidadão em consumidor. Ao examinarmos os questionários obtidos, percebemos que
muitos realmente defendem a ideia de um individualismo tecnológico, seja por
segurança, seja por praticidade.
Quando
tratamos das vozes da globalização e das relações presentes nela, os pontos se
diferem, o que demonstra um desnível na percepção das pessoas diante de uma
mesma sociedade: ocorre um deslocamento das relações sociais a partir dos seus
contextos de interações e reestruturações, sendo esta uma das marcas da
linguagem que se reconfigura na globalização; um conceito que exemplifica esse
desnível foi chamado de desencaixe e criado por Anthony Giddens (1991).
O
impacto que a nossa atual sociedade sofre é um exemplo claro de como a vida
moderna alterou a ordem social, sendo esse o resultado encontrado durante a
realização deste trabalho.
Referências Bibliográficas:
ORMUNDO,
J. S. A Reconfiguração da Linguagem na Globalização: investigação da
linguagem on-line. Brasília, 2007
Porto Feliz. Disponível em: https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/a-filosofia-de-zygmunt-bauman-o-pensador-da-modernidade-liquida/ - acesso em 06 nov.2019
GIDDENS, A. Modernity and Self-Identity: Self and
Society in the Late Modern Age. Stanford University Press: Stanford, 1991
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